sábado, 29 de janeiro de 2011

Trechos inacabados de crônicas que nunca existirão!


O barulho era ensurdecedor... a vida toda estava parada, a não ser pelo barulho, barulho de ossos rangendo, se desfazendo, virando pó.
Era como se a cada movimento que ele pensava (deixo claro, PENSAVA, sem executar), as articulações rangiam e o atrito parecia com duas barras de ferro se arranhando, se desgastando.
Tentou não pensar, mas ele estava preso à maca, e não havia nada a fazer, há não ser: pensar.
Eles o “acorrentaram”, com amarras fortes e precisas, em torno da cabeça, pescoço, ombros, barriga, braços, pernas e pés. Era tudo muito firme, mas não machucava-o, os calmantes, drogas permitidas, haviam tirado a sensibilidade da pele e a carne era um pedaço insosso de bicho morto à três dias... mas os ossos... os ossos continuavam vivos e sonoros.
Sempre um alguém entrava na sala. Ele apelidara de inferno branco. Era um cubículo morno, apenas com uma porta de aço e uma janelinha de vidro, e por ela, alguns olhos grandes espiavam de 15 em 15 horas. E era a sua hora preferida! Ele ali, exposto como uma atração circense, do incrível show de horrores, o que era a alegria da platéia insípida e incolor...