Missa, musa, prega a vida em mim,
Mista cria, formosura que se embrulha em meu tropeçoso sim.
Ser inumana, emana o racional longe de todo o mal ver.
Rouba o meu texto, a letra escrevo com saliva que esquiva em seu corpo meu, todo o meu ter.
Corpo esguio, me inspiro no involucro do seu corpo nu que o sol reverencia,
E o suor, o curpus de sua língua, papilas gustativas, minhas valias.
Se a vida envia a chuva o seu brilho limpa previsões e planta calmaria,
solo infértil agora produz melodias de bem-me-quer.
Toda nuvem escura que não ilumina a escura via que eu não via,
E toda estrela entrelaça e laça a minha escapadela de poesia,
Que só nasce quando seu despertar me desperta a vida, a cria, a criação.
Acionar o são e a ação de viver, para ser e florescer em letras e melodias.
E toda a estrada, a rua, rodovia,
Todo lugar de se ir, iria,
Provar o gosto do embaraço do laço de seus braços, meus guias,
A impostura de minha língua, e sua língua, no português rico de idiocrasias.
Dissimula, assimila o contra-senso do meu não,
Se bagunça na ideia do possível, do cabível, do nosso mundo escrito em um papel.
É inadmissível: desejos além.
Nós que me embaraçam e nos aperta a ponto de ser o ponto de partida para o não ser: livre.
Decifrar a cifra encantada da melodia dormida no seu travesseiro, meu aconchego.
Aconchegar-me na chegada grata de seu ar em minha atmosfera,
Espera a cor, do céu, do ser, da casa. Ar a respirar.
Sou eu o seu lar: orbicular.
Sem teto, sem parede, a rede que nos embala embriaga mais que o embriagado mar.
Mas se nos falta a matéria, a artéria pulsa e nos impulsa ao necessário pensar.
Ao Real, metafísico local para sermos além:
Ar ou lar, matéria, esfera, tudo espalhado em nós, em pontos de vazios, a sós.
Nós.
Somos além.
Nós somos além.
Além de nós.