segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Amor rima com dor!" - Por um mundo mais Clichê

Doendo. Doendo mais do que a dor que eu intitulara a maior: meu corpo empapuçado de bolhas vermelhas mortíferas que se infiltraram na garganta e me fizeram parar de respirar.
Doendo. Doendo muito mais do que eu pudesse imaginar que alguma dor doeria. Doendo fundo no corpo: nas entranhas, na cabeça, na garganta e nos olhos que já não são meus.
Doendo. Doendo de um jeito que pensei que nunca me doeria... Definitivamente pensei que nunca me doeria, nunca quis que me doesse.
E essa dor vem se acumulando pela semana, tornando-se mais incisiva, mais maldosa. A cada tempo que tenho para pensar, o pensamento alimenta essa dor, alimenta e ela vai crescendo, vai doendo, vai corroendo... vai doendo de um jeito que pensei que nunca me doeria, nunca quis que me doesse.
Mas essa dor não é só dor. Ela é tudo que se instaura em mim. Ela é confusão, medo, arrependimento, o não conhecido, o já conhecido, o que temo por conhecer.
É uma dor que é tudo, menos o vazio. É dor que parece ser de concreto bruto, concreto com ferro, tudo num bloco cinzento e pesado. É dor que não tem entrada pra começar a limpar por dentro, é tudo entupido, é tudo enclausurado.
Essa minha dor que pesa e que se instalou em mim com uma marretada no peito, essa dor que não é vazia, essa dor que se movimenta e vezes faz com que farelos de concreto caiam no estômago, a tal dor que não tem entrada não me dá outras saídas.
Doendo. Doendo como um imbecil que acredita no que é belo, doendo como uma cravada de caco de vidro no rim, doendo como um desafortunado que ainda tem esperança.
E nessa dor que cresce, que me faz toda metáforas, que me sufoca, despedaça vagarosamente sendo muito mais cruel, nessa dor ainda tem uma ponta de algo que não é dor. E essa ponta já está se confundindo e virando farelo prestes a ser devorado por um corvo que dá voltas no meu estômago. Essa ponta que não sabe o que é, tem a cada minuto acreditado que de fato ela não é! Essa ponta (talvez seja insensatez), essa pontinha vai se perder e, como vencedor, o tal bloco, o concreto bruto, essa dor sem entrada, pesada e crescente vai apagá-la – e lá se foi a pontinha que não sabia que era algo que não dor - . E o meu medo é que, para isso, não passe da meia noite de hoje.