terça-feira, 16 de abril de 2013

Sou uma superfície mosaica, camaleônica, cheia de terceiros, coberta de razões alheias, sem nenhum rejunte de mim...


 


                                Confinamentos, isolamentos, isolantes, confissões, fios e barbantes. Redecorar meu ser, não querer sofá, ser e estar mais colorida nas cortinas que tampam o que vem de fora, proteger-me mais, mas, menos aflita.

                Que minhas músicas de fossa tenham lugar, e minha geladeira reflita no tempo que eu tenho para cuidar de mim. Mais iguarias, mais igualdade de mim para mim.

                Panos de chão e panos de prato e pratos e patos nos meus lagos que dão acesso ao meu aceso interior reservado. Meu, reservado, que só recebe visita quando está disposto a ser ele mesmo ,porém ,mais exposto, mas ele, ele, ele, mais ele.

                Nuvens pedem mais eu, não pedem minha aflita ajuda aos que não percebem que eu ajudo de dentro pra fora, que eu ajudo sendo eu, que eu sendo eu posso até doer, mas ajudo sendo dor e não mãos de afago que não são de dedos meus.

                Não quero aderir ao que não faz parte da minha pele, ao que minha alma não elegeu como legítimo em mim. Minha aderência é grave, é gritante, quer aderir, não quer engolir e nem ser digerida, quer aderir ao que ela quer aderir. Deglutir não é solução, empurrar com força para dentro o que não tem lugar dentro é violentamente uma violação.

                Quero minhas músicas e não músicas que lembram, retratam, reavivam o que vai além eu. Tenho tantas histórias belas que criei ao som de notas que me cantam, ao gosto de cafés feitos pelas minhas mãos, aos meus olhares que me encantam quando vejo além, quando sou além o visível, quando sou tão eu que vejo o que sinto. Tenho tanto de mim que preciso, não sei de solidão dentro de minha polissemia encantadora, não sou acantoada quando visito-me, quando visto-me de roupas que fiei com carinho para me cobrir de mim.

                Penso em soluções que também não são minhas, mas essas bobas meninas, já saem dançando displicentemente, fingindo não serem regentes das dores que esculpiram em mim.