quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Colorido


Ela trazia a lua na boca,
E nos dentes o sol ainda havia de nascer.
Suas pernas caminhavam passos de toda a humanidade.
Suas mãos arquitetavam o infinito
E os braços abraçavam o incorreto, o transformando imediatamente em santidade.
Quando saia levava consigo todo o meu íntimo,
E quando voltava trazia flores plantadas no céu.
Sabia voar e colhia nuvens.
Mesmo que nada dissesse, enchia-me de acalanto.
Seu sexo me desnudava a alma,
E seu futuro só poderia ser em minha boca.
Nada se encaixava melhor em meu dorso do que seus quadris.
E dentro de mim contraíam-se mundos para explodir-me em deliciosos pecados.
A boca seca por afoita respiração contrastava com pernas e lençóis e mãos escorrendo eternidades.
De vagabunda e vadia, sentia-me a Santa Maria sendo fecundada de imenso prazer,
Pronta para parir a salvação da humanidade.
E em um gemido rouco, com exaustão, ela trazia a lua na boca e nos dentes o sol nascera.


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