quinta-feira, 22 de março de 2012

Sou poeta e fingidor...

finjo tanto que até me dói o encanto...

Escrevi um texto bobo... cheio de clichês que finjo dizer em voz alta. Dizer não diretamente pra você, mas com olhos pra você, com boca pra você, com toda minha altivez fingida, com toda minha armadura polida: pronta para disfarçar o quanto você me encabula.

Varo horas adentro do seu indecifrável, do seu distanciamento forçado e finjo não entender as peças que o destino vem me pregando.
Finjo, mas não muito. Mudo de lado, de passo, de tom para dirigir minhas palavras que nunca se transformam em frases completas e pomposas como eu gostaria. Cheias de falhas, de buracos sintáticos, de erros morfo-sexuais....

Você me desafina, me desafia, desfigura meu contorno de menina decidida, impassível. De ininteligível você me faz de uma bobeira fácil de ser decifrada e entendida! É meu jogo perfeito que jogo sozinha, sem disputa limpa, sem o mínimo de transparência que deveria ser sua obrigação para comigo.

"-Para com isso! Com essa sina de querer o que não é, essa vontade cretina de ser poeta só, só poesia. Vê se se respeita em sua própria cretinice, na sua falta de pudor ao fantasiar jogos-sexo-palavriais. Admita que o que te excita é o não conhecido, é esse cheiro que você não faz ideia de como seja. O que te escandaliza são essas ideias que, sem nenhum cuidado, ela joga em seu peito cheio de curiosidade pelo desenvolvimento peculiar que sua voz sempre engasga antes de terminar. Admita, que o que mais quer é esse jogo-de-azar." Eu com minha repressão frouxa me dizia.

É essa voz, essa voz que calada já me arrepia as estrofes desalinhadas, que me estremece a letrauroramanhecer. É essa voz que quando fala é breve, é cheia de intervalos infindos que me instigam ainda mais a necessidade de deglutir suas cordas, suas órbitas, sua postura fingida.... sim, fingida! Cheia de não-me-toques, não-me-olhes, não-me-devores tão descaradamente. Então, assim, me viro, me esquivo de meus impulsos enganosos, driblo meu próprio recém-hábito de te comer com o pensar.

Coitados de nós... nós que somos mais sós do que o primeiro organismo universal... nós nos penduramos em bordas de papeis velhos, amassados, com letras torcidas, com o cheiro de álcool, de cigarro, de noites mal dormidas... Coitados de nós... que interrompemos o coito do real para idealizarmos tudo, tudo que há de mais sublime até o mais banal... coitado de nós... que a única coisa que vislumbramos é o p.o.e.t.a.r.

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